Internato de Medicina da FAI em Araçatuba mantém atividades durante a pandemia da Covid-19

Internato de Medicina da FAI em Araçatuba mantém atividades durante a pandemia da Covid-19

Alunos receberam equipamentos de proteção individual e orientações de biossegurança

12/08/20, às 16h08

Daniel Torres de Albuquerque

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Em tempos de pandemia do novo coronavírus (Covid-19), em que quase tudo foi paralisado e muito conteúdo foi comprometido devido às ações de distanciamento social impostos pela quarentena, os alunos do Internato do curso de Medicina do Centro Universitário de Adamantina (FAI) mantiveram a sua rotina de estudos e a maior parte das atividades junto à Santa Casa de Araçatuba.

Na verdade, como todos foram pegos de surpresa com o início da pandemia, em março, as atividades práticas foram interrompidas por um breve período de tempo até que todos os equipamentos de proteção individual (EPIs) necessários fossem adquiridos para que, assim, os alunos pudessem retomar os atendimentos com segurança.

“O curso de Medicina se organizou em duas etapas para atender ao pessoal de estágio prático, que é o Internato. Primeiro foi com a Turma 1 [T1], que já estava em Araçatuba quando, em um certo momento, no mês de março, começaram a aparecer os primeiros casos [da Covid-19 no Brasil] e tivemos que suprir os EPIs necessários, as máscaras, gorros, aventais descartáveis e os [jalecos] plásticos, que devem ser usados nos casos mais complexos, com maior possibilidade de transmissão [do vírus]. Fizemos, também, dentro do próprio Internato, a conscientização dos alunos e os professores colaboraram muito com isso”, relatou o chefe do Departamento de Medicina da UNiFAI, Prof. Dr. Miguel Ângelo De Marchi.

“Como nossas atividades retornaram logo, não tive grandes mudanças. Estou mantendo o ritmo anterior”, disse Gustavo de Souza Andrade, aluno do 11º Termo (T1) de Medicina e que cumpre o Internato em Araçatuba, ao ressaltar que “não temos contato direto com os pacientes suspeitos e confirmados com Covid-19, ainda que as nossas atividades sejam realizadas nos setores em que eles são atendidos”.

“A qualidade de ensino não se perdeu porque esses alunos continuaram tendo aulas com os docentes responsáveis por cada setor de atendimento e, em Adamantina, os setores não pararam as suas atividades e mantiveram todo o sistema educacional muito bem montado”, afirmou De Marchi.

Na Santa Casa de Araçatuba, as atividades são desenvolvidas em quatro grandes áreas: Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia (GO) e Pediatria, sendo que cada área tem suas subespecialidades, com exceção da GO. “Participamos das atividades práticas como procedimentos e teóricas com discussões e tutorias. Todas as atividades desenvolvidas aqui são supervisionadas pelos médicos residentes ou chefe do setor, a depender do estágio temos esquema de plantão”, contou Gustavo.

Quanto aos alunos da Turma 2 (T2), que tiveram antecipação do recesso acadêmico em abril devido à pandemia, o Departamento de Medicina da FAI orientou que eles retornassem para Adamantina antes do início do Internato, oficialmente marcado para 3 de agosto, a fim de que passassem por uma testagem rápida e exames para detecção da Covid-19. “Graças a Deus, todos os exames deram negativo. A partir daí, eles saíram da Atenção Básica de Adamantina para encarar a estrutura hospitalar em Araçatuba com os EPIs necessários. É óbvio que, enquanto estivermos no processo de aguardar a chegada de EPIs, a Santa Casa vai nos ceder até que a pandemia chegue ao fim”, explicou Miguel De Marchi.

Com isso, a T2 pôde manter a rotina normal do Internato desde o início. “Muitas horas práticas, algumas aulas teóricas, normalmente on-line com controle de frequência e participação, [além de] avaliações teóricas esporádicas”, revelou Thalita Nakasse, aluna do 10º Termo (T2).

“A FAI está conseguindo manter as atividades do Internato na Santa Casa de Araçatuba, com os internos devidamente paramentados (EPIs), sem prejuízo de horas ou de aprendizagem e sem exposição direta ao vírus. Além disso, estamos tendo a oportunidade de participar das discussões sobre os casos de Covid-19”, emendou Thalita, ao lembrar da disponibilidade e obrigatoriedade do uso de EPIs, de acordo com o risco de cada setor.

Segundo ela, estão sendo realizadas as atividades normais do dia a dia de um internato. “Os estudantes rotacionam em grupos pequenos, passando por diversos setores do hospital, entre eles: Enfermaria, UTI, Centro Cirúrgico etc. Os internos são acompanhados pelo preceptor responsável e pelos residentes do setor. Acompanham procedimentos cirúrgicos, fazem evolução e prescrição (supervisionadas) dos pacientes, entre outras atividades, a depender da área médica”, relatou.

De acordo com o chefe do Departamento de Medicina, está sendo programada para as próximas semanas a testagem em massa dos alunos do Internato. “Nós faremos os chamados testes sorológicos que deverão identificar o possível contato de algum aluno com paciente de Covid-19 positivo”, adiantou De Marchi.

“Em todo tempo, a FAI buscou fazer o melhor para atender as necessidades dos alunos, sem prejuízo no Ensino e na prática médica. Realizamos a compras dos EPIs necessários, e tudo tem corrido bem. Sem dúvida, o trabalho dos docentes e da coordenação do curso tem sido fundamental para que nada saia do controle”, completou o reitor da FAI, Prof. Dr. Paulo Sergio da Silva.

O Internato

O Internato corresponde ao estágio curricular obrigatório sob supervisão direta de docentes nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e em hospitais e que serve de aprimoramento técnico e prático daquilo que se aprendeu na teoria do 1º ao 4º ano do curso. De acordo com a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), a carga horária mínima do internato deve ser de 35% da carga horária total do curso, ou seja, uma média de dois anos de estágio.

“Esse Internato é fundamental para que o aluno tenha um treinamento para que ele possa, em primeiro lugar, já iniciar a sua vida profissional e, depois, para poder prestar a sua Residência Médica. Sendo assim, o Internato é essa fase de aprimoramento prático e técnico”, explicou o Prof. Dr. Miguel Ângelo De Marchi.

Os alunos do 5º ano do curso cumprem inicialmente as atividades do Internato na Rede Municipal de Saúde de Adamantina e em Mariápolis nos últimos seis meses nas Unidades Básicas de Saúde, Centro de Saúde I, Estratégia de Saúde da Família (ESF) Jardim Adamantina, ESF Cecap, UBS de Mariápolis, no Centro Integrado de Saúde (CIS), onde há atendimento em Ortopedia, Oftalmologia, Neurologia, Dermatologia, Cardiologia, Moléstias Infecciosas, Otorrinolaringologia, Cabeça e Pescoço e Pneumologia. E, na Santa Casa de Adamantina, os internos viram as especialidades de Traumatologia, Cardiologia, Clínica Cirúrgica, Cirurgia Plástica, Pré-anestésico, Clínica Médica, Urologia, Endocrinologia, Enfermarias e Pronto Atendimento

Após esse período, os estudantes realizaram as atividades práticas por um ano e meio em Araçatuba. Durante 18 meses os graduandos recebem ensino didático e prático em Saúde Coletiva, Clínica Médica, Cirurgia Geral com Ortopedia, Ginecologia e Obstetrícia e Pediatria, especialidades básicas da Medicina.

O curso tem duração de 40 horas semanais e é ministrado por um preceptor para cada grupo de cinco alunos. Os preceptores do Internato Médico são os especialistas Luiz Cláudio Andrades Lima (Clínica Médica), Everton Pontes Martins (Cirurgia Geral), Maria Lúcia Marin Cominotti (Ginecologia e Obstetrícia), Fabrício Benez (Ortopedia) e Anderson Azevedo Dutra (Pediatria). No curso, os alunos participam de aulas, atendimentos da rotina hospitalar e plantões.

A Santa Casa de Araçatuba é um hospital de alta complexidade, considerado de excelência e referência regional para quase 1 milhão de habitantes.