Curso de Psicologia da FAI discute dia da Luta Antimanicomial em mesa redonda

Curso de Psicologia da FAI discute dia da Luta Antimanicomial em mesa redonda

Atividade realizada no último dia 24 contou com o tema “Atenção psicossocial em tempos de retrocessos: intercessão e produção de saber/fazer compartilhado no campo da saúde mental coletiva”

31/05/19, às 12h00

Priscila Caldeira

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Em comemoração ao dia da Luta Antimanicomial celebrado em 18 de maio, o curso de Psicologia do Centro Universitário de Adamantina (FAI) promoveu na noite da última sexta-feira, 24,  uma mesa redonda no auditório Miguel Reale, Câmpus II.

 

Com o tema “Atenção psicossocial em tempos de retrocessos: intercessão e produção de saber/fazer compartilhado no campo da saúde mental coletiva”, a atividade foi ministrada pelos psicólogos Sara Mexko e João Renato Ciabattari Pagnano.

 

Também foram promovidas atividades artísticas junto aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) dos municípios de Adamantina e Lucélia, supervisionadas pela Profª Drª Thaísa Angélica Déo da Silva Bereta, que acompanhou os alunos durante o Estágio Básico nos CAPS. Os cartazes produzidos com os usuários das instituições foram expostos durante a mesa redonda.

 

A coordenadora do curso de Psicologia, Profª Me. Magda Arlete Vieira Cardozo, contextualiza o surgimento da mobilização contra os manicômios. “Essa manifestação teve início na década de 60 na Europa e tem seu marco no Brasil em 18 de maio de 1987, com um movimento muito forte que se originou em Santos e em Bauru e se expandiu, quando os profissionais da saúde junto aos familiares dos pacientes e os próprios pacientes começaram a se mobilizar e ficaram inquietos com as práticas que eram oferecidas. A partir daí, então, se reestrutura toda uma política pública em torno da saúde mental brasileira”, explica.

 

Conforme afirma, a tentativa é que haja menos internações psiquiátricas possíveis e, quando for indispensável, o tempo deve ser determinado e ocorrer em alas específicas dos hospitais junto aos demais diagnósticos e não em um hospital apenas com esse fim. Além disso, o uso da medicação deve ser o mínimo necessário para as condições do paciente. “E não como era usado com o fim de ‘acalmá-lo’ para deixá-lo praticamente sedado, com internações sem prazos determinados e sem critérios muito definidos. Era comum os pacientes se tornarem moradores de clínicas psiquiátricas”, conta.

 

Essas políticas lutam contra os modelos manicomiais que continham uma mentalidade prisional que começa na Europa no século XVI e no Brasil no século XVIII.

 

“Aos graduandos e profissionais da Psicologia importa pensar em práticas inovadoras, conscientes e éticas e entender que são necessárias transformações e que, mesmo que eles aprendam teorias e técnicas hoje, elas podem sempre melhorar. É preciso estarmos muito atentos às condições de cuidados oferecidas. Nós temos uma ética pessoal e profissional que antecede qualquer prática proposta”, ressalta.

 

 

Palestrantes

 

O psicólogo João Renato Ciabattari Pagnano, especialista em Psicologia da Saúde e mestre em Psicologia, falou sobre as práticas no campo da saúde mental: “A reflexão sobre esse campo da saúde mental é guiada na perspectiva da reforma, que é um campo que vem por muitos séculos fazendo com que o ser humano sofra. Para lidarmos com esse lugar de dor, precisamos de uma estratégia técnica, ética e política”.

 

A psicóloga Sara Mexko, especialista em saúde mental e atenção psicossocial e mestre em Psicologia reforçou a importância do trabalho coletivo na saúde mental.

 

“Não dá para pensar as práticas sem pensar em qual paradigma orienta essas práticas, se é psiquiátrico ou mais psicossocial, pensando na formação dos alunos e dos profissionais que estão entrando nos CAPS ou em outro serviço de saúde mental a importância de haver um trabalho coletivo e conseguir ter um eixo transdisciplinar”, finaliza.