Ex-diretor da FAFIA e FAI, Prof. Dr. Gilson Parisoto morre aos 74 anos

Ex-diretor da FAFIA e FAI, Prof. Dr. Gilson Parisoto morre aos 74 anos

Ele estava internado na Santa Casa de Presidente Prudente havia quase dois meses e teve falência múltipla de órgãos

19/04/18, às 12h14

Daniel Torres de Albuquerque e Priscila Caldeira

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Morreu na manhã desta quinta-feira, 19, aos 74 anos, o Prof. Dr. Gilson João Parisoto, ex-diretor geral das antigas Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina (FAFIA) e Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI), que antecederam a estrutura do atual Centro Universitário de Adamantina (FAI).

Internado havia quase dois meses na Santa Casa de Presidente Prudente, Parisoto apresentou complicações no quadro clínico e teve falência múltipla de órgãos, vindo a falecer pela manhã.

Segundo informações dos familiares, o funeral está marcado para as 6 horas desta sexta-feira, 20, e o sepultamento para as 11 horas do mesmo dia, ambos em Barra Bonita, cidade natal do ex-diretor, distante 280 quilômetros de Adamantina.

Em razão do luto, a Reitoria da FAI decidiu suspender as atividades administrativas e pedagógicas a partir das 14 horas desta quinta-feira. As atividades serão retomadas normalmente nesta sexta-feira.

Também em memória ao Prof. Dr. Gilson Parisoto, as bandeiras dos três câmpus da Instituição foram hasteadas a meio mastro.

Gilson Parisoto deixa a esposa Nilce, os filhos Daniela, Isabela, Gisela e Giancarlo, além de cinco netos.

Luto oficial

A Prefeitura de Adamantina decretou, na tarde desta quinta-feira, luto oficial de três dias pelo falecimento do ex-diretor geral das antigas FAFIA e FAI, Prof. Dr. Gilson João Parisoto.

O texto do Decreto nº 5.847, de 19 de abril de 2018, assinado pelo prefeito Márcio Cardim (DEM), estabelece que “fica declarado Luto Oficial no Município de Adamantina, por três dias, a partir desta data, em sinal de pesar pelo falecimento do Prof. Dr. Gilson João Parisoto, ex-diretor geral das antigas Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Adamantina (FAFIA) e Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI), no período de 1997 e 2007”.

Histórico

Gilson João Parisoto nasceu em 17 de julho de 1943 na cidade paulista de Barra Bonita, na região de Jaú. Formou-se em Letras pela Universidade do Sagrado Coração (USC), em Bauru e também em Pedagogia pela Faculdade de Artes, Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente, atual Universidade do Oeste Paulista (Unoeste).

Ele também concluiu mestrado e doutorado em Filosofia e Linguística Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) de Assis.

Chegou a Adamantina na década de 1960 e foi vice-diretor da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina (FAFIA) em 1971, durante a transição entre os diretores Cássio Stérsi dos Santos e Yara Maria Marinho da Costa (in memoriam).

Assumiu a direção da FAFIA entre 1997 e 1999, ano em que as duas Instituições de Ensino Superior de Adamantina, a FAFIA e a Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia (FEO) foram fundidas e transformadas nas Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI), Instituição que dirigiu entre 1999 e 2007.

Naquele momento as Instituições de Ensino Superior de Adamantina experimentavam de maneira mais acelerada um crescimento tanto econômico (com o aumento do número de alunos e da arrecadação de mensalidades) como acadêmico (com a contratação de maior número de mestres e doutores) e físico (com a construção dos câmpus II e III), o que possibilitou a criação da FAI.

A partir da inauguração do Câmpus II, na avenida Francisco Bellusci, 1.000, às margens da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), em abril de 1999, a FAI teve maior projeção regional e estadual, recebendo, inclusive, grandes eventos como alguns congressos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

“Nós partimos do nada. Não havia nada. O que nós tínhamos? Uma pequena biblioteca e hoje se pode ver o tamanho da biblioteca. Laboratórios? Praticamente não existia nada e agora você vai lá e existem os laboratórios. E isso foi um desafio? É claro que foi. Mas foi tudo feito num trabalho incessante e é por isso que a FAI está lá”, disse o Prof. Dr. Gilson João Parisoto em entrevista especial à equipe de Comunicação da Instituição em 2014 devido às comemorações dos 46 anos da então FAI.

Antes disso, em agosto de 1998, a faculdade incorporou a Rádio Cultura FM (atualmente na frequência 99,3 MHz), pertencente à Prefeitura de Adamantina, para ser usada como laboratório do curso de Comunicação Social.

“A FAI não foi feita só de sonho. Houve muita luta, muito trabalho, muita persistência, uma avalanche de teimosia”, ressaltou Parisoto na entrevista especial de 2014.

Repercussão

O reitor da FAI, Prof. Dr. Paulo Sergio da Silva destacou o legado do Prof. Dr. Gilson Parisoto na história da sociedade adamantinense e sua importância na construção da Instituição como um referencial regional de ensino. “O professor Gilson é e sempre será um legado de construção da história da cultura de Adamantina. À frente da direção da FAI, o Prof. Gilson construiu a necessidade de Adamantina ser o referencial em ensino na Alta Paulista. Ele trouxe desenvolvimento e oportunidades únicas para a cidade como um verdadeiro realizador de sonhos. Esta é uma perda importante para todos nós da FAI”, lamentou o reitor.

O vice-reitor, Prof. Dr. Fábio Alexandre Guimarães Botteon, resumiu a figura do ex-diretor geral da FAFIA e da FAI em uma palavra: “idealizador”. “Eu acredito muito em toda a idealização que ele fez e me lembro que ele sempre falava que ‘quem não sonha, não realiza’. Ele sonhou e realizou. Para nós, essa perda é irreparável, mas o seu legado é que há possibilidade quando se enfrenta as situações, as adversidades e se constrói. O Prof. Gilson foi um lutador, uma pessoa que sempre esteve à frente da Educação em Adamantina, sempre lutou pela cidade. Uma pessoa extremamente austera e muito firme em tudo o que fez. Eu vejo, eternizada na figura dele, a possibilidade da realização”, ressaltou Botteon.

O prefeito de Adamantina, Prof. Dr. Márcio Cardim (DEM), que dirigiu a FAI entre 2011 e 2016, emitiu nota em que declara que o Prof. Gilson “cumpriu sua missão”. “A admiração pública é apenas reflexo de sua trajetória. O Município de Adamantina reconhece e agradece pelos serviços prestados, por uma vida de dedicação à Educação. Tive a oportunidade de trabalhar com Prof. Gilson em várias oportunidades. Um grande profissional e gestor! Com profundo pesar recebemos hoje esta notícia, mas temos certeza de que Prof. Gilson cumpriu sua missão. Apresento aos familiares os meus sentimentos e votos de pesar”, afirmou Cardim.

Em nome do Poder Legislativo, o presidente da Câmara, vereador Eduardo Rodrigues Fiorillo (DEM), que também é docente da Instituição, lembrou a seriedade com que o ex-diretor conduziu a Autarquia. “Infelizmente, a cidade perdeu o ícone da Educação adamantinense. A FAI não seria o que é hoje se, lá atrás, não houvesse a participação, o enfrentamento, a rigidez com que ele conduzia a coisa pública. Sem sombra de dúvida, a amizade que ele mantinha junto ao Conselho Estadual de Educação [de São Paulo, o CEE-SP] possibilitou a abertura de inúmeros cursos, que atraíram muitos alunos à Instituição”, apontou.

O ex-diretor geral da FAI e atualmente chefe do Departamento de Ciências Exatas, ligado à Pró-Reitoria de Ensino, Prof. Dr. José Luiz Vieira de Oliveira, destacou que a grandeza da FAI se deve à coragem de Parisoto. “Sem dúvida, toda a grandeza da nossa Instituição passa pela administração corajosa do Prof. Gilson. Na sua administração a Instituição cresceu não apenas fisicamente, mas foi reconhecida em âmbito nacional. Meus sentimentos a toda a sua família”, disse.

O também ex-diretor geral da FAI e atualmente encarregado do Setor de Convênios e Projetos Institucionais da FAI, Prof. Dr. Wendel Cleber Soares, evidenciou Parisoto como um “visionário”. “O Prof. Dr. Gilson teve uma atuação marcante para a Instituição. Foi excelente docente e gestor, que teve uma visão ímpar para o crescimento da Instituição, unindo a FAFIA e FEO, possibilitando à FAI tornar-se um grande polo educacional não somente para Adamantina, mas para toda a região. Desse modo, é reconhecido pelo seu notável conhecimento como professor e gestor visionário que, de forma brilhante, transformou a região em polo de Ensino Superior com destaque nacional”, salientou Soares.

Emotiva, a ex-diretora da FAFIA e atualmente chefe do Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde, Prof.ª Me. Regina Eufrásia do Nascimento Ruete, publicou uma mensagem de carinho ao amigo e à família. “Gilson Parisoto! Amigo, professor, diretor geral da antiga FAFIA, criador da FAI e grande idealizador na área educacional. Pessoa que permitiu, por suas realizações, o sonho adamantinense: nascer o Centro Universitário de Adamantina (FAI). Que possa partir sereno e continuar acreditando em sua força criadora. Vá em paz, meu amigo”, escreveu.