FAI analisa viabilidade para polinização em produção de acerola de Junqueirópolis

FAI analisa viabilidade para polinização em produção de acerola de Junqueirópolis

Objetivo é transferir tecnologia para aumentar produtividade

07/12/15, às 12h12

Priscila Caldeira

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Com o objetivo de analisar a viabilidade da polinização dirigida na produção de acerola, o professor Dr. José Aparecido dos Santos, coordenador do Núcleo de Prática de Pesquisa das Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI) e o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Prof. Dr. Ademilson Espencer Egea Soares, visitaram nesta quinta-feira, 03, o sítio São Fortunato no município de Junqueirópolis.

A decisão da visita surgiu no último dia 30, no Câmpus II da FAI, quando foi realizado um encontro com produtores agrícolas da região, em especial os produtores de acerola de Junqueirópolis para discutir a polinização dirigida, oportunidade que apontaram os problemas e desafios enfrentados em toda a cadeia produtiva, que vai da produção à distribuição.

Trata-se de um projeto em fase inicial que integra a parceria com o Departamento de Genética da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, com o apoio de apicultores de Adamantina e região. A proposta visa instalar na FAI uma Central de melhoramento genético de rainhas e pesquisar as espécies de abelhas que há na região, principalmente nos remanescentes de Mata Atlântica da bacia do Rio Aguapeí/Feio e a polinização dirigida com abelhas.

Após a visita a Cooperativa dos produtores agrícolas, ao Armazém Comunitário - onde são mantidas as acerolas em câmaras frias para exportação, e à prefeitura do município de Junqueirópolis, os pesquisadores estiveram na propriedade de Moacir Olivier, um dos pioneiros no desenvolvimento de variedades de acerolas da região.

O Prof. Dr. José Aparecido dos Santos explica as perspectivas com o início do projeto.

“O nosso compromisso principal é na polinização. A gente sabe que é uma atividade muito precária em nosso país realizar o aumento da produtividade através da polinização dirigida. A FAI, através do CIPAF, está trabalhando intensamente neste processo. O que estamos fazendo é transferência de tecnologia, visando o aumento da produtividade das frutas em Junqueirópolis”, ressalta.

Sobre as observações durante a visita quanto à viabilidade da polinização, o pesquisador Prof. Dr. Ademilson Espencer destaca os próximos passos.

“Em curto prazo vamos colocar alguns ninhos de armadilhas para aumentar o número de abelhas visitantes na plantação de acerola. Na FAI durante essa semana, fizemos os ninhos de armadilhas com as garrafas PET para capturar as abelhas indígenas sem ferrão. Isso vai a campo nesse fim de semana. Nos remanescentes florestais ou áreas de preservação serão instaladas essas armadilhas para capturar e começar o meliponário [criadouros de abelhas sem ferrão] da FAI”, detalha Espencer.

Iniciativa


A ideia de se verificar a produção da agricultura familiar de Junqueirópolis surgiu por meio de um trabalho orientado pela professora da rede estadual, Miriam Bitencurti. O trabalho é de autoria de Laura Beatriz Olivier e João Vitor Vieira da Silva, o qual foi apresentado no CICFAI Júnior.

“Esses alunos fizeram através da admiração do avô [Moacir Olivier], que produz acerola e trabalha com a agricultura familiar, um projeto tão humilde, mas de uma grandeza de pesquisa que foi incrível. Esse trabalho chamou a atenção do Dr. Espencer por ele estar envolvido com a apicultura e com a acerola. Foram ideias que se encontraram. Acredito que essa parceria vai proporcionar resultados benéficos para a cidade, a essas famílias e ao comércio”, afirma Miriam.

Moacir Olivier, proprietário do sítio São Fortunato, fala sobre a expectativa de incremento na produção, após haver um polinizador efetivo.

“A gente vê a iniciativa com muita esperança. Necessitamos dessas experiências novas para poder ter melhor produção. Como diz o professor, sendo polinizada ela dá melhor fruto. A gente agradece a presença dele [Espencer] e do professor da faculdade. Fico orgulhoso por minha neta ter interesse em aprender e gostaria que ela acompanhasse o trabalho”, comenta Olivier.

O diretor de agricultura do município de Junqueirópolis, Roberto Fujiwara, se mostra disponível para o início da pesquisa: “Tudo o que vem para somar e aprimorar nossa agricultura é bem-vindo, inclusive já conversamos com o Sr. Edson [presidente da Cooperativa de produtores agrícolas] e estamos abertos à tecnologia e informação. A parceria com a universidade só vem a contribuir”.

Além da polinização de culturas agrícolas, as abelhas também são muito úteis na produção de mel, própolis, geleia real e resinas (ceras), que podem ser utilizados tanto para consumo doméstico quanto para a elaboração de produtos farmacêuticos e pesquisas na área da saúde.

Ademilson Espencer Egea Soares é doutor em Ciências Biológicas (Biologia Genética) pela USP, membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e coordenador do programa de prevenção de acidentes com abelhas da Prefeitura do Campus Administrativo de Ribeirão Preto.

Mais informações sobre o Centro Integrado de Pesquisas com Abelhas da FAI (CIPAF) podem ser obtidas no Núcleo de Prática de Pesquisa (NPP) da instituição pelo telefone (18) 3502-7080.