
Marisa Cardim conquista título de doutorado com pesquisa sobre expansão da Leishmaniose
Marisa Cardim conquista título de doutorado com pesquisa sobre expansão da Leishmaniose
Com mais uma doutora no quadro de docentes, FAI pode conseguir bolsas para projetos de pesquisa
02/09/13, às 17h09
Daniel Torres de Albuquerque
O quadro de docentes das Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI) conta com mais uma doutora.
No início do mês de agosto, Marisa Furtado Mozini Carim, que leciona nos cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Agronegócio e Ciências Biológicas da instituição defendeu a sua tese de doutorado na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e foi aprovada pela banca examinadora, composta pelos professores doutores José Eduardo Tolezano (Instituto Adolfo Lutz), Carlos Eugênio Cavasini (Famerp), Francisco Chiaravalloti Neto (orientador, USP), Vera Lúcia Fonseca de Camargo Neves (Sucen) e Maurício Lacerda Nogueira (Famerp).
Sob o tema da “Expansão da Leishmaniose no Estado de São Paulo”, Marisa Cardim efetuou um estudo minucioso na área de Medicina e ciências correlatas sobre a chegada da doença no território paulista e os fatores que facilitaram a sua disseminação no estado.
“São vários fatores que a envolvem essa doença porque existe uma facilidade muito grande de adaptação do mosquito transmissor às variáveis climáticas da região. Até 1970 era considerada uma endemia rural, mas, a partir daí, começou a aparecer nos grandes centros por conta das mudanças ambientais e do processo de urbanização”, explicou a doutora Marisa.
Um dado interessante levantado pela pesquisa de doutorado é que a doença adentrou ao estado de São Paulo pela região oeste e ficou restrita às regionais de saúde de Araçatuba, Bauru, Presidente Prudente, Marília e São José do Rio Preto. “São cidades que têm uma característica climática semelhante, mas cujo processo de disseminação não foi homogêneo. Apesar de tem invadido as cinco regiões, a doença ficou concentrada nas regionais de Araçatuba e Presidente Prudente”, apontou, ao lembrar que, na Nova Alta Paulista, Flórida Paulista é a cidade com maior incidência.
A tese
Segundo o estudo apurou, os registros de Leishmaniose no estado tiveram início na cidade de Castilho e se espalharam pelas cidades que estavam no caminho da construção do Gasoduto Bolívia-Brasil. “No mesmo momento da construção do gasoduto na região de Araçatuba, foi reativada a ferrovia Novoeste, que vai até Corumbá [cidade do estado de Mato Grosso do Sul que faz fronteira com a Bolívia] e que é responsável pelo transporte principalmente do etanol e do açúcar para o restante do estado”, comentou a pesquisadora.
Para ela, essas duas obras de engenharia [gasoduto e ferrovia], associadas ao aumento do movimento de veículos na rodovia Marechal Rondon (SP-300), podem ter sido os grandes desencadeadores do processo de disseminação da doença. “A gente chegou à conclusão também que, dentro da nossa região de Adamantina, Dracena, a rodovia Marechal Rondon teve uma grande influência no processo de expansão [da Leishmaniose] porque as estradas secundárias que saem a partir dela trazem todas as mercadorias para cá e recebemos muitas pessoas daquela região aqui”, observou Marisa.
As demais regiões paulistas não registram casos autóctones da doença.
A pesquisa foi finalizada com o levantamento de dados e características da Leishmaniose em Adamantina, o que possibilita entender a evolução da Leishmaniose também nos municípios vizinhos e facilita os processos de controle da sua expansão na microrregião por meio de ações dos departamentos municipais de Controle de Vetores e do Instituto Adolfo Lutz.
Importância do título de doutorado
Mas a tese de doutorado de Marisa Cardim trouxe conquistas não apenas para o entendimento das características de uma doença, cujas informações poderão ser utilizadas para direcionar as ações dos órgãos de saúde do poder público para a sua erradicação.
A partir do momento que se tem o título de doutor, as vantagens para a instituição de ensino são muito grandes pela possibilidade de se conseguir apoio de órgãos de fomento para projetos de pesquisa, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
“O grande objetivo é conseguir montar projetos de pesquisa na FAI e isso traz um benefício muito grande porque alunos são envolvidos no projeto e, assim, podemos desenvolver pesquisa dentro da nossa instituição, melhorar o currículo do aluno e incitar nesse futuro profissional a iniciação científica”, relatou Marisa Cardim.